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quinta-feira, 19 de maio de 2011

José Saramago: polêmico e genial

Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro”. Esta célebre frase foi dita por um dos gênios da literatura: José Saramago. Tão genial quanto o autor, a frase não foi entendida como deveria por alguns segmentos sociais.
    Para as admiradores e profissionais da literatura esta frase vai além das interpretações errôneas e supérfluas feitas acerca das obras deste autor, afinal, quem não pretende convencer também não pretende publicar obras de cunho difamatório ou de convencimento.Correto??
    Saramago faleceu recentemente (18 de junho de 2010), aos 87 anos, deixando um rico acervo literário e um legado de polêmicas daqueles que não interpretam a literatura como uma livre expressão subjetiva diante do mundo democrático.
    É claro que para estas pessoas Saramago não passou de um antirreligioso. No entanto, a literatura permite a sábia interpretação deste pré-julgamento como sendo decorrente de classes cujo poder intelectual sofre influência, o que pode acarretar um “convencimento” por parte das obras deste autor, o que tornaria as pessoas desprovidas deste poder intelectual submissas às influências.
    Porém, se suas obras são vistas como heréticas, a literatura e a língua portuguesa as veem como frutos de um dos maiores gênios da literatura, o qual recebeu vários prêmios. Dentre eles, vale citar o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998. Este prêmio lhe inspirou a dizer a mais rica frase: “a pessoa mais sábia que eu conheci não sabia nem ler e nem escrever: o meu avô”. Por que será que ninguém critica esta frase como tentativa de convencimento?
    Diante dos parâmetros literários, ao se analisar uma obra é necessário conhecer todo o contexto histórico de seu autor (vida pessoal, social, cultural, político, econômico). Afinal, um livro é um refúgio fictício de seu autor. Assim, ler um livro sem conhecer a realidade do seu escritor é se permitir interpretá-lo erroneamente, é perder tempo diante de um rico formador de opiniões.
    Por fim, nenhuma obra literária pode mudar a opinião, a crença e o comportamento de uma pessoa se esta for intelectualmente privilegiada por pensamentos democráticos, inteligentes e lógicos.


Autora: Néia Gava Rocha
E-mail: neiavgava@hotmail.com
Este artigo foi publicado no Jornal Da Hora ES e também em seu site: http://www.dahoraes.com/.

3 comentários:

  1. Atribuo a crítica envolvendo Saramago não apenas a essas citações polêmicas. Mas principalmente ao cunho religioso que ele insiste em manter contra a Igreja. É por isso que o considero um tanto contraditório. Ele diz "...não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito...", mas constantemente ele retoma essa idéia unica e exclusivamente dele, de tentar convencer a Igreja de Sua "insolência reacionária" (por parte da Igreja).

    Pra mim, Saramago é um gênio DA LITERATURA, poucos grandes literários ousaram tomar uma posição religiosa de forma tão intensa. Acho que ele deveria ser menos redical e ter se voltado mais à literatura não-religiosa....embora essa posição que ele tomou tenha lhe rendido muita evidência enquanto vivo.
    Mas sua genuidade foi inegável.

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  2. Onde está essa frase na obra dele: “Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro”?

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